domingo, 23 de agosto de 2009

Identidade e Nacionalismo


















Identidade e Nacionalismo
Por: Eduardo César MaiaA defesa de uma identidade nacional pura, inviolável e imune a influências externas não passa de uma utopia despropositada. O processo constante e cada vez mais acelerado de comunicação e intercâmbio entre os mercados de todos os países, e o fluxo de bens culturais avançam num sentido de negação das fronteiras nacionais. Tal fenômeno, irreversível na opinião da maioria os intelectuais, é o que se costuma chamar de globalização. Os defensores dessas formas de identidades coletivas nacionais, étnicas ou mesmo de uma simples localidade, como uma cidade ou um bairro, acreditam que esse processo pode conduzir ao esgotamento das culturas oriundas dos países de economia menos desenvolvida: as características regionais, as tradições, costumes e padrões de comportamento que determinariam a identidade desses povos estariam condenados ao esgotamento e à dominação pelos bens culturais dos países hegemônicos. É inegável que o incessante fluxo de informações por todo o globo realmente está dando um novo formato às diversas culturas, mas isso não significa necessariamente uma perda. Numa perspectiva mais otimista, pode-se argumentar que a cultura não é um cárcere, um sistema fechado de valores invioláveis. A vida cultural de um povo, pelo contrário, alimenta-se de mudanças e conflitos com outras culturas. Apenas nas sociedades primitivas e nos Estados sumamente autoritários com tendências nacionalistas é que a cultura é encarada como um campo de concentração, uma condição imutável. É como se os indivíduos estivessem condenados a permanecer dentro desse conjunto de valores culturais, sem nenhuma possibilidade de interferência pessoal. A origem etimológica da palavra cultura remete ao ato de cultivar o espírito, aprimorar-se, reduzindo a própria ignorância através do conhecimento da diversidade e pluralidade do mundo. A cultura não é um lugar, não se encontra em determinada situação geográfica verificável com um mapa e uma régua. A defesa de uma identidade cultural nacional no sentido de que todo o autóctone é sempre um valor e todo o forâneo, um desvalor, é simplesmente uma manipulação ideológica abstrata e sem fundamentação histórica.As ligações afetivas pessoais ao local de nascimento, às tradições, às religiões e a certos valores herdados da comunidade em que se está inserido são, a princípio, naturais e positivas. No entanto, uma política que pretenda, partindo da defesa desses valores, menosprezar ou mesmo censurar a possibilidade de compartilhar dos bens culturais externos, é uma política autoritária e xenófoba. Isso significa, nos dias de hoje, que, para um país proteger sua cultura, deveria preservar-se da competição internacional e dos “males” da globalização. Os defensores de tais políticas afirmam que, se os governos deixassem a identidade do seu povo à mercê das regras do capitalismo amoral, haveria uma deteriorização pela invasão de produtos culturais estrangeiros, uma colonização cultural, perpetrada através do poder da publicidade das empresas dos países mais poderosos. No Brasil, país em que essas políticas de “proteção” aos bens culturais nacionais têm bastante força, parece ainda mais abstrusa a definição do que venha a ser essa identidade. Falar de cultura brasileira ou patrimônio cultural brasileiro é se referir a uma miríade de influências de várias partes do mundo que constituíram (e seguem constituindo) e influenciaram (e continuam influenciando) a história, os costumes e os valores vivenciados de diversas formas por indivíduos profundamente diferentes que habitam esse país. Além de se tratar de uma entidade abstrata confusa, a noção de identidade cultural nacional leva muitas vezes a uma legitimação da censura, do dirigismo cultural e a subordinação da vida cultural e artística a uma doutrina política: o nacionalismo.
Professor: Rodrigo dos Santos Pizeta - Sociologia
Artigo retirado da revista Continente Multicultural Out de 2006
http://www.revistacontinente.com.br/
msn: cafesociologico@hotmail.com
E – mail: cafesociologico@gmail.com

Um comentário:

  1. Fala ae galera podemos trocar idéias por aqui, achei mais facil ainda pra nós tiramos as duvidas das materias dadas em sala de aula e quem estiver interessado em aprender mais sobre a sociologia, só se achegar a casa é sua...Uhuuuuuuuuu venham em busca de conhecimentos...aqui é o lugar

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