domingo, 14 de março de 2010

Geração da Onda


A GERAÇÃO DA ONDA
Divididos em tribos, os adolescentes compõem, pela primeira
vez, o grupo mais numeroso da população.

Pela primeira vez, os adolescentes são o grupo etário mais numeroso do país. O Brasil já em 1997 tinha 34 milhões de jovens na faixa de 10 a 19 anos, segundo o IBG. Um em cada cinco brasileiros era adolescente. O percentual de jovens cresceu tanto que a pirâmide populacional se deformou. Antes, a base onde se concentram as crianças de até 4 anos era sempre a parte maior da pirâmide, porque a taxa de natalidade se mantinha alta, acima do 3% ao ano. Agora não. Desde 1970, o índice de crescimento da população vem caindo, chegando hoje a apenas 1,3%. A pirâmide mudou porque o número de recém-nascidos diminuiu, aqueles milhões de crianças que antes engordavam a base agora já são adolescentes. Essa multidão alegre, rebelde e pouco compreendida vai impor grandes mudanças ao país.
No século XXI, essa onda vai percorrer todas as faixas etárias da população brasileira, sobrecarregando, sucessivamente, o sistema de ensino, o mercado de trabalho e, por fim, a Previdência Social. As escolas, antes habituadas a receber avalanches de novos alunos na 1ª série, enfrentarão sobrecarga nos períodos mais avançados. Depois, o desafio será oferecer emprego a todos esses jovens. Mais tarde, será preciso garantir sua aposentadoria. Tudo isso é previsível e, com planejamento e determinação política, possível de ser resolvido. Por ora, a tarefa mais importante é entender o que querem e o que pensam nossos 34 milhões de adolescentes.
Uma pesquisa feita com jovens de 44 países mostrou dois aspectos curiosos a respeito dos adolescentes brasileiros. O percentual dos que se declaram felizes é maior do que a média dos outros países: 61% contra 30% dos entrevistados europeus. Ao mesmo tempo, os brasileiros se dizem amedrontados com a possibilidade de não conseguir um bom emprego. “Essa tensão é muito natural”, diz a psicóloga Rosely Sayão. “Eles são felizes porque estão descobrindo o mundo, mas têm dúvidas enormes a respeito do próprio futuro.” A pesquisa confirma que os jovens hoje são bem menos revolucionários e sonhadores que os das décadas de 1960 e 1970. “Desapareceu a idéia da reinvenção do mundo”, disse a socióloga Helena Wendel Abramo.

(Revista Veja) Material CEEJAV – Vitória - ES

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