terça-feira, 23 de março de 2010

A obsessão totalitária

"Dar à burguesia a arma da liberdade de imprensa é facilitar e ajudar a causa do inimigo. Nós não desejamos um fim suicida, então não a daremos."Vladimir Lenin, em 1912


Censurar a imprensa e impedir o fluxo de ideias no Brasil é a única bandeira genuinamente comunista que sobrou aos petistas.

Um observador ingênuo pode não entender a obsessão de petistas, manifestada desde o momento zero do governo Lula, de abolir a liberdade de expressão no Brasil. Afinal, em sete anos de administração do país, alguns fizeram enormes avanços pessoais e coletivos. Aumentaram o patrimônio, passaram a beber bons vinhos e a vestir-se com apuro. A política econômica é modelo até para os países avançados e as conquistas sociais fazem inveja a reformadores de todos os matizes ideológicos. Destoam desse rol de avanços a diplomacia megalonanica e a inconformidade com o livre trânsito de ideias no país. O próximo ataque organizado à liberdade de expressão se dará em março, com a Segunda Conferência Nacional de Cultura (CNC). Apesar do nome pomposo, ninguém irá lá para discutir cultura. Os petistas vão, mais uma vez, tentar encontrar uma forma de ameaçar a liberdade de imprensa e obrigar revistas, jornais, sites e emissoras de rádio e TV a apenas veicular notícias, filmes e documentários domesticados, chancelados pelos soviets (conselhos) petistas e reverentes à ideologia de esquerda.
O evento é a continuação por outros meios da batalha pela implantação da censura à imprensa no Brasil. Isso começou em agosto de 2004, com a iniciativa, abortada, de criar um Conselho Federal de Jornalismo (CFJ). Nos últimos meses foram feitas mais duas tentativas. Uma delas na Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). A outra com o PNDH-3, o Programa Nacional de Direitos Humanos. O que o CFJ, a CNC e o PNDH-3 têm em comum? Todos embutem a criação de um tribunal para censurar, julgar e punir jornalistas e órgãos de comunicação que desobedeçam às normas governamentais. É um figurino de atraso.
Por que essa obsessão não se dissipa? Primeiro, porque ela é a única bandeira que sobrou às esquerdas cujas raízes podem ser traçadas ao seu berço comunista no século XIX. A censura à imprensa é uma relíquia esquerdista, um bicho da era stalinista guardado em cápsula de âmbar e cujo DNA os militantes sonham ainda retirar e com ele repovoar seu parque jurássico. Todas as outras bandeiras foram perdidas. A do humanismo foi dinamitada pela revelação, em 1956, dos crimes contra a humanidade perpetrados por Stalin. A da eficiência econômica e a da justiça social ruíram com a queda do Muro de Berlim, em 1989. Sobrou a bandeira da supressão da voz dos que discordam deles. Mesmo isso não pode ser feito com a dureza promulgada por Lenin ("Nosso governo não aceitaria uma oposição de armas letais. Mas ideias são mais letais que armas.").
O maior ideólogo da censura à imprensa, cujo nome sai com a facilidade dos perdigotos da boca dos esquerdistas brasileiros, é o italiano Antonio Gramsci (1891-1937). Como a revolução pelas armas se tornou inviável, Gramsci sugeriu a via do lento envenenamento ideológico da cultura, do idioma e do pensamento de um país. É o que tentam fazer os conselhos, conferências e planos patrocinados pelo PT. É neles que se dá a alquimia gramsciana. Ela começa pela linguagem. A implantação da ditadura com o fechamento do Congresso é vendida como "democracia direta"; a censura aparece aveludada como "controle da qualidade jornalística"; a abolição da propriedade privada dilui-se na expressão "novos anteparos jurídicos para mediar os conflitos de terra". Tudo lindo, pacífico, civilizado e modernizador. Na aparência. No fundo, é o atalho para a servidão. Thomas Jefferson neles, portanto: "...entre um governo sem imprensa e uma imprensa sem governo, fico com a segunda opção".


Comentário do Professor: E a sociedade no meio do fogo cruzado...e a democracia?
Veja: 27/01/2010



Cem anos de solidão

HONESTIDADE INTELECTUALCom Tristes Trópicos, o antropólogo (em foto de 2004) solidificou um modo de entender a sociedade que enterrou concepções eurocêntricas duradouras.
Claude Lévi-Strauss construiu a cultura de nosso tempo – mas ao século XX, esse que ele atravessou, dedicava um olhar pessimista e incrédulo
Odeio as viagens e os exploradores." Essa frase, a primeira e a mais conhecida de Tristes Trópicos (1955), era provocação de um homem que amava as expedições. Claude Lévi-Strauss, belga radicado em Paris, viveu no Brasil de 1935 a 1939. Ajudou a criar a Universidade de São Paulo ao lado do psiquiatra Georges Dumas e do historiador Fernand Braudel. No Paraná, em Mato Grosso e na Amazônia, a partir da convivência com os índios cadiuéus, bororos, nambiquaras e tupis-cavaíbas, construiu uma catedral de pensamento que dominaria seu campo de estudos por quase todo o século passado. Ao chegar, tinha apenas 26 anos. Ao retornar para a França, com a publicação de seu clássico, solidificara um modo de entender a cultura que enterrou concepções eurocêntricas duradouras.
Tristes Trópicos foi o início de uma coleção de livros que sustentou a antropologia estrutural. O método estruturalista, que Lévi-Strauss cimentou, se propunha a estudar o mundo real de modo a identificar nele padrões comuns, ou estruturas, que sempre se repetiriam. Por essa visão, estruturas iguais poderiam ser discernidas na mente de um silvícola, na da gente culta das cidades, na cabeça de um prêmio Nobel ou na do pior aluno da classe. Para Lévi-Strauss, o indivíduo passa do estado natural ao cultural enquanto usa a linguagem, aprende a cozinhar, constrói objetos. Nesse caminho, o ser humano obedece a leis que não criou. Elas pertencem a um mecanismo inato do cérebro – são, portanto, estruturais. Antes dele, a antropologia apenas colecionava histórias avulsas, anedóticas. Lévi-Strauss demonstrou ser possível estabelecer conexões entre culturas de tempos e regiões diferentes. Hoje soa óbvio, mas eis a mágica dos raciocínios inaugurais. Ao seu tempo esse esquematismo significou uma libertação da visão predominante em uma Europa ainda presa ao preconceito de que os selvagens eram "metade demônios, metade crianças", como definiu o inglês Rudyard Kipling em seu poema O Fardo do Homem Branco.
O lugar-comum, antes do estruturalismo, tratava as sociedades primitivas como intelectualmente sem imaginação, ancorando seu contato com a vida e a religião na mera satisfação urgente das necessidades de comida, roupa e abrigo. No contato com os índios brasileiros, ele descobriu uma lógica refinada, além de senso de ordem e design. Lévi-Strauss deu nobreza intelectual ao pensamento selvagem, abrindo assim uma linha de investigação da vida dos povos isolados. "Com ele, tomamos consciência ao mesmo tempo da diferença e da universalidade", afirma Françoise Héritier, herdeira da cadeira de Lévi-Strauss no Collège de France. "O seu principal legado é este: somos diferentes, sim, mas podemos nos entender, porque nossas estruturas mentais funcionam da mesma maneira."
Elegíaco, melancólico e irônico, Lévi-Strauss era um pesquisador com a cabeça de antigamente incomodado com o presente. Avesso a todos os movimentos culturais modernos, considerava a literatura morta desde Diderot (1713-1784) e a evolução da música encerrada com Beethoven (1770-1827). Foram 100 anos de solidão, honestidade intelectual e de solene indiferença dedicada aos modismos e às apropriações do estruturalismo pelo marxismo (com Louis Althusser) e pela psicanálise (com Jacques Lacan). Lévi-Strauss marcou o pensamento de nosso tempo, mas o século XX, esse que ele atravessou, nunca recebeu o menor elogio de um homem que ia da modéstia à arrogância com rapidez. "Não há mais nada a fazer: a civilização já não é essa flor frágil que se preservava", escreveu em Tristes Trópicos. "A humanidade instala-se na monocultura; prepara-se para produzir civilização em massa, como a beterraba."
Seus escritos tangenciavam o romantismo francês de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Essa imagem o fez símbolo da contracultura nos anos 60 e 70. Era simplificação que rejeitava, por representar distorção de suas ideias. Para Lévi-Strauss, o selvagem não era intrinsecamente nobre por estar próximo da natureza. Em 1993, entrevistado pelo autor, então correspondente de VEJA em Paris, disse, ao tomar conhecimento das aventuras de Paulinho Paiakan, o índio estuprador que buscava impunidade: "Os índios não podem beneficiar-se ao mesmo tempo da cultura antiga e da cultura nova, é uma ou outra". Claude Lévi-Strauss faria 101 anos em 28 de novembro. No sábado 31, esse totem exótico e corajoso que abriu a mente da humanidade fechou os olhos.
Veja 11/11/2009

domingo, 14 de março de 2010

Geração da Onda


A GERAÇÃO DA ONDA
Divididos em tribos, os adolescentes compõem, pela primeira
vez, o grupo mais numeroso da população.

Pela primeira vez, os adolescentes são o grupo etário mais numeroso do país. O Brasil já em 1997 tinha 34 milhões de jovens na faixa de 10 a 19 anos, segundo o IBG. Um em cada cinco brasileiros era adolescente. O percentual de jovens cresceu tanto que a pirâmide populacional se deformou. Antes, a base onde se concentram as crianças de até 4 anos era sempre a parte maior da pirâmide, porque a taxa de natalidade se mantinha alta, acima do 3% ao ano. Agora não. Desde 1970, o índice de crescimento da população vem caindo, chegando hoje a apenas 1,3%. A pirâmide mudou porque o número de recém-nascidos diminuiu, aqueles milhões de crianças que antes engordavam a base agora já são adolescentes. Essa multidão alegre, rebelde e pouco compreendida vai impor grandes mudanças ao país.
No século XXI, essa onda vai percorrer todas as faixas etárias da população brasileira, sobrecarregando, sucessivamente, o sistema de ensino, o mercado de trabalho e, por fim, a Previdência Social. As escolas, antes habituadas a receber avalanches de novos alunos na 1ª série, enfrentarão sobrecarga nos períodos mais avançados. Depois, o desafio será oferecer emprego a todos esses jovens. Mais tarde, será preciso garantir sua aposentadoria. Tudo isso é previsível e, com planejamento e determinação política, possível de ser resolvido. Por ora, a tarefa mais importante é entender o que querem e o que pensam nossos 34 milhões de adolescentes.
Uma pesquisa feita com jovens de 44 países mostrou dois aspectos curiosos a respeito dos adolescentes brasileiros. O percentual dos que se declaram felizes é maior do que a média dos outros países: 61% contra 30% dos entrevistados europeus. Ao mesmo tempo, os brasileiros se dizem amedrontados com a possibilidade de não conseguir um bom emprego. “Essa tensão é muito natural”, diz a psicóloga Rosely Sayão. “Eles são felizes porque estão descobrindo o mundo, mas têm dúvidas enormes a respeito do próprio futuro.” A pesquisa confirma que os jovens hoje são bem menos revolucionários e sonhadores que os das décadas de 1960 e 1970. “Desapareceu a idéia da reinvenção do mundo”, disse a socióloga Helena Wendel Abramo.

(Revista Veja) Material CEEJAV – Vitória - ES

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Filósofo Alemão Karl Marx

Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como Economista, Filófofo, historiador, teórico político e jornalista.
O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como Filosofia, Sociologia, Antropologia, Ciência Política, Psicologia, Economia, Comunicação, Arquitetura , Geografia e outras. Em uma pesquisa da rádio BBC de Londres, realizada em 2005, Karl Marx foi eleito o maior filósofo de todos os tempos.
Teórico do socialismo, Karl Marx estudou direito nas universidades de Bonn e Berlim, mas sempre demonstrou mais interesse pela história e pela filosofia. Quando tinha 24 anos, começou a trabalhar como jornalista em Colônia, assinando artigos social-democratas que provocaram uma grande irritação nas autoridades do país.Integrante de um grupo de jovens que tinham afinidade com a teoria pregada por Hegel (Georg Wilhelm Friedrich - um dos mais importantes e influentes filósofos alemães do século 19), Marx começou a ter mais familiaridade dos problemas econômicos que afetavam as nações quando trabalhava como jornalista.Após o casamento com uma amiga de infância (Jenny von Westphalen), foi morar em Paris, onde lançou os "Anais Franco-Alemães", órgão principal dos hegelianos de esquerda. Foi em Paris que Marx conheceu Friedrich Engels, com o qual manteve amizade por toda a vida.Na capital francesa, a produção de Marx tomou um grande impulso. Nesta época, redigiu "Contribuição à crítica da filosofia do direito de Hegel". Depois, contra os adeptos da teoria hegeliana, escreveu, com Engels, "A Sagrada Família", "Ideologia alemã" (texto publicado após a sua morte).Depois de Paris, Marx morou em Bruxelas. Na capital da Bélgica, o economista intensificou os contatos com operários e participou de organizações clandestinas. Em 1848, Marx e Engels publicaram o "Manifesto do Partido Comunista", o primeiro esboço da teoria revolucionária que, anos mais tarde, seria denominada marxista.Neste trabalho, Marx e Engels apresentam os fundamentos de um movimento de luta contra o capitalismo e defendem a construção de uma sociedade sem classe e sem Estado. No mesmo ano, foi expulso da Bélgica e voltou a morar em Colônia, onde lançou a "Nova Gazeta Renana", jornal onde escreveu muitos artigos favoráveis aos operários.Expulso da Alemanha, foi morar refugiado em Londres, onde viveu na miséria. Foi na capital inglesa que Karl Marx intensificou os seus estudos de economia e de história e passou a escrever artigos para jornais dos Estados Unidos sobre política exterior.Em 1864, foi co-fundador da "Associação Internacional dos Operários", que mais tarde receberia o nome de 1ª Internacional. Três anos mais tarde, publica o primeiro volume de sua obra-prima, "O Capital".Depois, enquanto continuava trabalhando no livro que o tornaria conhecido em todo o mundo, Karl Marx participou ativamente da definição dos programas de partidos operários alemães. O segundo e o terceiro volumes do livro foram publicados por seu amigo Engels em 1885 e 1894.Desiludido com as mortes de sua mulher (1881) e de sua filha Jenny (1883), Karl Marx morreu no dia 14 de março de 1883. Foi então que Engels reuniu toda a documentação deixada por Marx para atualizar "O Capital".Embora praticamente ignorado pelos estudiosos acadêmicos de sua época, Karl Marx é um dos pensadores que mais influenciaram a história da humanidade. O conjunto de suas idéias sociais, econômicas e políticas transformou as nações e criou blocos hegemônicos. Muitas de suas previsões ruíram com o tempo, mas o pensamento de Marx exerceu enorme influência sobre a história.

Sociólogo Alemão Max Weber


Maximillian Carl Emil Weber (Erfurt, 21 de abril de 1864 — Munique, 14 de Junho de 1920)

Max Weber viveu no período em que as primeiras disputas sobre a metodologia das ciências sociais começavam a surgir na Europa, sobretudo em seu país, a Alemanha. Filho de uma família de classe média alta, com o pai advogado, Weber encontrou em sua casa uma atmosfera intelectualmente estimulante. Ainda era criança quando se mudaram para Berlim. Em 1882 foi para a Faculdade de Direito de Heidelberg. Um ano depois transferiu-se para Estrasburgo, onde prestou o serviço militar.Em 1884 reiniciou os estudos universitários, em Göttingen e Berlim, dedicando-se as áreas de economia, história, filosofia e direito. Trabalhou na Universidade de Berlim como livre-docente, ao mesmo tempo em que era assessor do governo. Cinco anos depois, escreveu sua tese de doutoramento sobre a história das companhias de comércio durante a Idade Média. A seguir escreveu a tese "A História das Instituições Agrárias". Casou-se, em 1893, com Marianne Schnitger e, no ano seguinte, tornou-se professor de economia na Universidade de Freiburg, transferindo-se, em 1896, para a de Heidelberg.Depois disso, passou por um período de perturbações nervosas que o levaram a deixar o trabalho. Só voltou à atividade em 1903, participando da direção de uma das mais destacadas publicações de ciências sociais da Alemanha. No ano seguinte publicou ensaios sobre a objetividade nas ciências sociais e a primeira parte de "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", que se tornaria sua obra mais conhecida e é de fato fundamental para a reflexão sociológica.Em 1906 redigiu dois ensaios sobre a Rússia: "A Situação da Democracia Burguesa na Rússia" e "A Transição da Rússia para o Constitucionalismo de Fachada". No início da Primeira Guerra Mundial, Weber, no posto de capitão, foi encarregado de administrar nove hospitais em Heidelberg.Quando a guerra terminou, mudou-se para Viena, onde deu o curso "Uma Crítica Positiva da Concepção Materialista da História". Em 1919 pronunciou conferências em Munique, publicadas sob o título de "História Econômica Geral". No ano seguinte faleceu em consequência de uma pneumonia aguda.